A construção de 76 unidades habitacionais do Loteamento Vida Nova, em Sapezal, tem gerado polêmica desde a sua concepção. O empreendimento, que deverá custar aos cofres públicos cerca de R$ 8,3 milhões, irá atender famílias em situação de vulnerabilidade social.
Se no passado tivemos projetos habitacionais como o Jardim Floresta, onde os beneficiários tiveram a oportunidade de adquirir sua casa própria em um terreno e posteriormente tiveram a possibilidade de fazer obras para adequação, melhorando assim a qualidade de vida de suas famílias, com o projeto Vida Nova essa realidade não será replicada.
Iniciadas em fevereiro de 2023, as obras do projeto destoaram completamente dos padrões comumente aplicados em todo o país. Com dois blocos horizontais de apartamentos e sem a possibilidade de qualquer tipo de obra, os moradores terão de se contentar em ocupar os cerca de 30 m² de área construída.
O projeto, que já recebeu diversos apelidos pejorativos, entre eles "pombal", "cortiço" e "alojamento", foi concebido inicialmente para ser disponibilizado em formato de concessão, onde os beneficiários teriam o direito de morar no local pelo período de 5 anos, e posteriormente seria realizada uma nova análise para manter ou não os moradores no local.
O projeto inicial, que chegou a ser encaminhado para a Câmara de Vereadores, gerou polêmica e, após um amplo debate proposto pela população, o prefeito Valcir Casagrande (PL) se viu obrigado a mudar a forma na qual os apartamentos seriam destinados àqueles que necessitavam de moradia.
Posteriormente, contra o gosto de Casagrande e Scariote, foi estipulado que as moradias seriam destinadas em formato de concessão por 5 anos, e posteriormente seria realizado um termo de doação condicional para os beneficiários que cumprissem as exigências do projeto.
Prevista para ser entregue ainda neste ano, possivelmente no período eleitoral, as obras do Loteamento Vida Nova escancaram a mentalidade da atual gestão em relação às pessoas mais carentes: "para os pobres, qualquer coisa serve". Sem se preocupar em proporcionar um mínimo de dignidade para as famílias beneficiadas, e além disso, impedindo o crescimento econômico e uma melhor qualidade de vida da população em vulnerabilidade social, Valcir Casagrande deixará seu segundo mandato sem cumprir uma de suas principais promessas de campanha: a entrega de 500 unidades habitacionais.
Em 8 anos à frente da prefeitura, o prefeito deixará como marca um grande "pombal", "cortiço" ou "alojamento", no qual futuramente Sapezal irá se envergonhar.
Jean Borsatti é jornalista em Mato Grosso
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