Uma organização criminosa utilizou as credenciais de acesso de um servidor da Polícia Civil de Mato Grosso para consultar dados de veículos roubados e furtados em sistemas internos da corporação. Com os números de chassi obtidos, o grupo falsificava documentos, remarcava automóveis e revendia os veículos ilegalmente como se fossem regulares.
De acordo com as investigações, o servidor não tinha participação no esquema e teve a senha vazada por meios cibernéticos. Além do sistema de Mato Grosso, criminosos também acessaram bancos de dados de policias civis de outros estados.
O delegado Gustavo Godoy Alevado explicou que o acesso indevido foi identificado rapidamente pelo setor de tecnologia da instituição.
“O próprio sistema detectou o uso irregular e bloqueou as credenciais. Esses criminosos utilizaram logins de servidores que, provavelmente, não tiveram cautela na guarda das senhas”, afirmou.
A partir da descoberta, a Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) aprofundou as investigações e identificou um esquema amplo de fraudes digitais. O grupo também vendia dados sigilosos, criava sites falsos e usava canais no Telegram e WhatsApp para golpes diversos. Parte dos lucros era lavada por meio de criptomoedas e apostas esportivas.
Operação nacional e bloqueio de R$ 5,9 milhões
Com base nas provas reunidas, foram expedidas 48 ordens judiciais, entre elas 7 mandados de prisão, 15 de busca e apreensão, retiradas de sites do ar, afastamentos telemáticos e o bloqueio de mais de R$ 5,9 milhões em bens.
Os mandados foram cumpridos em 10 estados: Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Ceará, Maranhão, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia, Amazonas e Minas Gerais.
As duas primeiras fases da investigação ocorreram em julho e novembro de 2024, quando a polícia já havia desarticulado parte do núcleo da quadrilha que atuava a partir de Francisco Alves (PR). O líder do grupo, conhecido como “Ganso”, já estava preso em Cascavel (PR) e mantinha servidores usados nas fraudes.
O delegado titular da DRCI, Guilherme Fachinelli, destacou a importância da ação para o combate a crimes cibernéticos no país.
“A Operação Código Seguro demonstra a capacidade técnica da Polícia Civil em rastrear organizações que atuam em larga escala na internet. O objetivo é proteger dados sensíveis e garantir a integridade das instituições e da sociedade”, afirmou.

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