A recente licitação da Prefeitura de Sapezal para a compra de até 700 kg de erva-mate levantou um debate importante sobre o uso dos recursos públicos. Embora o município tenha esclarecido que a aquisição não é obrigatória e faz parte de um registro de preços, a questão central permanece: é realmente necessário destinar verba pública para esse tipo de item?
É inegável que o chimarrão faz parte da cultura local, especialmente devido à forte influência de imigrantes sulistas na região. No entanto, cultura e tradição justificam gastos desse tipo com dinheiro público? Afinal, se o argumento for a valorização cultural e o bem-estar dos servidores, por que outros costumes regionais não recebem a mesma atenção?
A ação popular movida por um advogado questiona exatamente isso: a razoabilidade dessa compra. O consumo de chimarrão é algo recreativo, e a falta de clareza sobre como esse produto seria distribuído dentro da administração pública reforça a necessidade de transparência. Se é um benefício para os servidores, como será garantido o acesso a todos? Se é um item essencial, por que não há o mesmo tratamento para o tereré, bebida amplamente consumida no Centro-Oeste?
Além disso, há uma questão maior por trás desse caso: as prioridades na gestão dos recursos públicos. Em tempos de desafios econômicos, é fundamental que cada centavo gasto tenha um propósito claro e beneficie a coletividade de maneira justa e equilibrada. A Prefeitura argumenta que essa prática acontece há anos, mas a repetição de um erro não o torna justificável.
Esse debate não é sobre chimarrão ou tradição, mas sobre responsabilidade e transparência no uso do dinheiro público. E essa é uma discussão que precisa ser levada a sério, pois quem paga essa conta, no fim das contas, é o cidadão.
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