O ex-juiz federal e advogado Julier Sebastião da Silva protocolou nesta terça-feira (29), uma representação na Câmara Municipal de Cuiabá solicitando a abertura de uma comissão processante contra o vereador afastado Francisco Carlos Amorim Silveira, conhecido como Chico 2000 (PL), por suposta quebra de decoro parlamentar. A medida pode levar à cassação do mandato do parlamentar.
Chico 2000 foi alvo da Operação Perfídia, deflagrada pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), que apura a ocorrência de pagamento de propina relacionado à obra do Contorno Leste, em Cuiabá, no ano de 2024, quando o vereador exercia a presidência da Câmara. De acordo com as investigações, o valor da propina seria de R$ 250 mil, conforme relato de João Jorge Souza Catalan Mesquita, ex-funcionário da empreiteira responsável pela obra.
Na representação, Julier Sebastião argumenta que os fatos atribuídos ao vereador trouxeram prejuízo à imagem da Câmara, citando a realização de buscas no gabinete de Chico 2000, o que teria causado repercussão negativa à instituição. Segundo ele, tais acontecimentos comprometem a credibilidade do Legislativo municipal e justificam o pedido de abertura de processo disciplinar.
O documento também menciona a relação política entre Chico 2000 e o ex-prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), apontando que o vereador foi líder da base do então gestor na Câmara entre 2023 e 2025. Além disso, a peça destaca que o vereador indicou o procurador-geral do município, posteriormente afastado, para um cargo na Procuradoria da Câmara, o que, segundo o ex-juiz, indicaria proximidade com a antiga gestão.
A Operação Perfídia também investiga outros nomes, incluindo o vereador Sargento Joelson (PSB), igualmente afastado, e empresários e ex-funcionários ligados à empreiteira responsável pela execução do projeto. As diligências realizadas envolveram 27 mandados judiciais, incluindo buscas nos gabinetes dos parlamentares, no sistema interno e nas câmeras de segurança da Câmara Municipal.
Além das buscas, a Justiça autorizou a quebra de sigilo de dados telefônicos e eletrônicos, bem como o sequestro de bens e imóveis dos investigados. Também foi determinado o afastamento dos vereadores de suas funções, proibição de contato com testemunhas ou servidores da Câmara, restrição de acesso às dependências do Legislativo e às obras mencionadas, além da apreensão de passaportes.
As investigações tiveram início com uma denúncia recebida em 2024, segundo a qual alguns vereadores teriam solicitado pagamento indevido para aprovar matérias que viabilizariam pagamentos do município à empreiteira em 2023. Há indícios de que parte do valor foi depositada em conta bancária indicada por um dos parlamentares, enquanto outra parte teria sido paga diretamente no gabinete de um dos envolvidos.
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