A audiência realizada nesta quinta-feira (27) na Justiça Eleitoral trouxe novos elementos que reforçam as suspeitas de irregularidades cometidas durante a campanha de 2024 em Sapezal. O processo, que pode resultar na cassação da chapa eleita, composta pelo prefeito Claudio Scariote (Republicanos) e pelo vice Mauro Galvão (PP), avançou com a oitiva de testemunhas que relataram ter sido diretamente abordadas com ofertas de benefícios em troca de apoio político.
Durante o depoimento de uma das testemunhas, preservada nesta reportagem por segurança, foi relatado que pessoas ligadas à campanha de Scariote percorriam o bairro pedindo votos, oferecendo vantagens e se identificando pelo número 10. Segundo o relato, promessas de ajuda para reforma de residência e até vale-gasolina foram feitas por integrantes da equipe do então candidato. A testemunha afirmou que recebeu material de campanha e foi informada de que, caso votasse em Scariote, teria sua casa beneficiada. Embora os benefícios não tenham sido entregues, o relato reforça a existência de abordagens sistemáticas direcionadas a eleitores em situação de vulnerabilidade.
Ainda mais grave foi o depoimento seguinte, quando outra testemunha afirmou categoricamente ter recebido R$ 200 em espécie das próprias mãos do prefeito Claudio Scariote durante o período eleitoral. Segundo ela, o prefeito esteve acompanhado da esposa e entregou o dinheiro dentro da residência da eleitora, solicitando o voto em troca. A quantia, de acordo com o depoimento, foi usada para comprar alimentos. A testemunha ainda afirmou ter conhecimento de que vizinhos também receberam valores semelhantes no mesmo dia.
As declarações foram feitas diante do juiz responsável, Luiz Guilherme Carvalho Guimarães pelo caso, que buscou esclarecer detalhes como local, circunstâncias e a presença do candidato no momento da entrega. Mesmo pressionada por perguntas da defesa — que tentou relativizar o depoimento solicitando detalhes sobre datas, roupas e comportamentos — a testemunha manteve firme a narrativa de que o prefeito praticou a entrega direta de dinheiro em plena campanha.
A gravidade dos relatos adiciona peso às acusações de abuso de poder político e econômico, que já vinham sendo levantadas desde o início do processo. Ao longo de mais de um ano de tramitação, este foi um dos depoimentos mais contundentes, por relatar não apenas promessas de vantagem, mas a entrega direta de recursos pelo próprio candidato, em situação que, se confirmada, pode configurar compra de votos.
Com a fase de instrução avançando, cresce a expectativa para a decisão da Justiça Eleitoral. Caso as acusações sejam confirmadas, a cassação da chapa poderá levar à convocação de novas eleições em Sapezal, alterando novamente o cenário político do município. Até a conclusão do julgamento, o caso segue gerando forte repercussão local e levantando questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral que conduziu Scariote ao cargo.

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